A arte de interpretar

Não sou frequentador de poltrona em horário de telenovelas, e isto, quem me conhece, sabe. Ao contrário, sou avesso ao gênero.

Não se pode, entretanto, ignorar a realidade da sociedade brasileira, que idolatra a programação. E, absolutamente, sem qualquer ofensa ou discriminação ao deficiente visual, para quem não é "cego", invariavelmente, ocorrem situações em que, defronte ao televisor naquele horário, termina por assistir algumas cenas.

Tenho que registrar que, apesar de não admirar telenovelas, aprecio a boa interpretação. Aí chega minha crítica.

Interpretar, entendo que significa fazer-se passar por "outro", seja uma pessoa ou algum personagem de ficção e, entre o grande elenco de "atores" que, principalmente integram os quadros da Rede Globo, muitos são realmente atores, aqueles que se despem do próprio espírito para deixar que seu corpo seja instrumento a "vender" a imagem de outrem.

Na outra extremidade tem verdadeiros "papagaios" que se limitam a emprestar sua voz para publicar texto que "alguém" escreveu.

Não vou utilizar muitos exemplos mas, acredito que se algum "turista" tenha visto uma cena do ator global Antonio Fagundes há 10 anos atrás, e tornar a ver outra cena, em uma novela atual, chegará a uma das duas conclusões seguintes:

a) É a mesma novela;

b) Ele interpreta ele mesmo.

Não há, absolutamente, nenhum elemento que possa apontar para qualquer distinção entre uma e outra interpretação do retrocitado ator e, sendo justo, de muitos outros que gozam do mesmo prestígio público (e financeiro).