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Obrigado pela visita. Você está no blog de LUCIANO BAYER, Bacharel em Ciências Contábeis, graduado pela Unioeste - Universidade Estadual do Oeste do Paraná e Bacharel em Direito, graduado pela Faculdade de Ensino Superior de Marechal Cândido Rondon - ISEPE RONDON.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Igreja e as eleições

Antes de tecer qualquer comentário, cumpre-me a exposição de um breve esclarecimento a respeito de minha profissão de fé: com meus pais aprendi a amar a Igreja Católica e, na esteira de seus ensinamentos desde 12 anos de idade tenho exercido atividades na Liturgia, da qual já fui Coordenador Paroquial. Há aproximadamente 15 anos atuo na comunidade matriz da cidade (Mercedes-PR) como animador de cantos.
Ao longo desta jornada realizei alguns treinamentos, dos quais o que mais destaco é o CELMU – Curso Ecumênico de Atualização em Liturgia e Música, realizado anualmente na Cidade de Agudos-SP, e organizado pelo CONIC - Conselho Nacional das Igrejas Cristãs em parceria com a CNBB.
Sou assinante da Revista de Liturgia há mais de 10 anos. Em minha casa tenho várias versões da Bíblia (Jerusalém, CNBB, Aparecida, Ave Maria, Edição Pastoral), além de um exemplar oficial do Missal Romano e duas edições intituladas, também, como Missal, mas que, na verdade se identificam mais com os Lecionários Cotidiano e Dominical. Possuo ainda os 4 volumes do Hinário Litúrgico da CNBB e outras obras relacionadas à Liturgia e Música Litúrgica.
Acredito que, como leigo, poucos brasileiros devem possuir um acervo particular com esta variedade.
Pois bem. Ocorre que os últimos anos, mormente a partir da eleição do Papa Bento XVI, tenho sentido esfriar o entusiasmo que muitas ações da Igreja haviam plantado e cultivado. Escândalos envolvendo sacerdotes em várias partes do mundo que, a bem da verdade, nunca foram esclarecidos e têm sido, frequentemente, veiculados pela imprensa mundo afora (em especial relacionados à pedofilia e homossexualismo).
Na busca de algumas explicações, muitas vezes relativas a questões litúrgicas, e outras que buscavam resposta à inércia da Igreja frente a fatos que voltarei a abordar neste texto, provoquei contato com a CNBB e com o núncio apostólico no Brasil, através dos meios eletrônicos disponíveis, mas, a meu ver, covardemente as pessoas que governam a Igreja têm ignorado minha existência. Sempre soube que Deus conhece o íntimo de cada um dos seres humanos, mas a Igreja, representante de Cristo na terra, pelo menos por seus porta vozes, não está imbuída do mesmo espírito, ao que parece. Ou não quer enfrentar problemas que se apresentam vultuosos, preferindo transferir responsabilidades.
Recebi um e-mail fazendo referência a um pronunciamento do Papa Bento XVI, em que o Sumo Pontífice estaria exortando os Bispos Católicos a interferir no processo eleitoral brasileiro. A mensagem cita o PNDH-3 (Plano Nacional de Desenvolvimento Humano – 3), condenando-o por, em tese, defender a legalização de práticas como o aborto, a prostituição, o casamento homossexual, além de sugerir o tolhimento da liberdade religiosa, entre outras propostas não mencionadas.
Minha recomendação à entidade católica que redigiu a mensagem é de que tome conhecimento do teor do PNDH-3 e seus predecessores instrumentos, antes de difundir inverdades, prática, aliás, até onde tenho conhecimento, condenada pelos princípios cristãos.
Com referência ao aborto, o PNDH-3, oferece a seguinte orientação “Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais, Objetivo estratégico III: Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento das condições necessárias para sua plena cidadania”. Nas ações programáticas sugere que o aborto seja tratado como “tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde” e e orienta para a “descriminalização do aborto”. Há que se interpretar o documento, entretanto, em seu contexto geral, e não dele extrair frações convenientes à "proposta eleitoral". Confirma a “Diretriz 17” que sejam implementados mecanismos de monitoramento dos serviços de atendimento ao aborto legalmente autorizado. Refere-se, portanto, a situações especiais.
Não deve conhecer o relator do conteúdo da mensagem retrocitada a diretriz 179 do PNDH-II, instituído pelo Decreto nº 4.229/2002, subscrito pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, quando José Serra era Ministro da saúde. Transcrevo-o para conhecimento:
179. Apoiar a alteração dos dispositivos do Código Penal referentes ao estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude e o alargamento dos permissivos para a prática do aborto legal, em conformidade com os compromissos assumidos pelo Estado brasileiro no marco da Plataforma de Ação de Pequim. (grifo nosso)
Não faço juízo de valor em relação ao Decreto editado por FHC. Apenas sinto a necessidade de destacar que a mesma preocupação reside em ambos os pólos.
Talvez a grande mentira proclamada em nome da Igreja seja a de que o PNDH-3 defenda a legalização da prostituição, como sugere o reclamo recebido contra a ~então candidatura situacionista. Uma lamentável situação em que os "chefes" da Igreja, seja pela liberdade concedida ou pela intromissão indevida em questões para as quais deveria ter mais cautela, poderia evitar.
Voltando os olhares à possibilidade de união civil entre pessoas do mesmo sexo, há de fato, sinalização positiva no PNDH-3, em razão da crescente demanda existente na sociedade, que clama pela regularização da situação, visto que uma eventual legalização permitiria também a adoção de crianças por estas pessoas. Então, eu mesmo me pergunto: mas, na minha formação cristã devo admitir tal proposta? Minha resposta é: acho até que não. Mas o fato é que, além do atual governo, o anterior, o do FHC e do Serra (lembra?) também propôs a ora atacada proposta de legalização. Afinal, fatos são fatos. Veja o que diz a diretriz 115 do PNDH-II (FHC):
115. Apoiar a regulamentação da parceria civil registrada entre pessoas do mesmo sexo e a regulamentação da lei de redesignação de sexo e mudança de registro civil para transexuais. (grifo nosso)
 Por último, sobre o tolhimento da liberdade religiosa, tal declaração deve estar em pé de igualdade com a que encontrou em algum lugar a fundamentação para a proposta de legalização da prostituição. O PNDH-3, em seu Objetivo estratégico VI declara o “Respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado”. Tenho apenas o dever de não faltar com a justiça e dizer que também o PNDH-II, do governo anterior dispunha da matéria com a mesma determinação.
Feitas as considerações sobre a disseminação de “mentiras” (tenho a mensagem que me foi enviada e que posso retransmitir a quem quiser), passo a alguns questionamentos a fazer ao comando da Igreja Católica:
1. A prostituição é uma problema social que data de milênios. O que têm feito, efetivamente, as lideranças da Igreja, a título de contribuição com os governos para a erradicação deste mal que aflige a sociedade no mundo? Se ações foram ou estão sendo tomadas, quais foram os resultados alcançados até agora?
2. Da mesma forma o homossexualismo também tem incomodado as instituições religiosas, de modo geral. O que têm feito, efetivamente, as lideranças da Igreja, a título de contribuição com os governos para a erradicação deste mal que aflige a sociedade no mundo? Se ações foram ou estão sendo tomadas, quais foram os resultados alcançados até agora?
3. O aborto também reside na preocupação de tantas entidades sóciorreligiosas, é verdade. O que têm feito, efetivamente, as lideranças da Igreja, a título de contribuição com os governos para a erradicação deste mal que aflige a sociedade no mundo? Se ações foram ou estão sendo tomadas, quais foram os resultados alcançados até agora?
O aborto, o homossexualismo e a prostituição são fatos da vida real, e como fatos, devem ser enfrentados pelos governos e também pelas Igrejas. São demandas crescentes com as quais convivemos em nosso dia-a-dia.
O aborto, ainda que como prática criminosa, acontece invariavelmente no seio da sociedade. Estaria o "primeiro escalão" da Igreja a sustentar que uma mulher que tenha criminosamente realizado aborto não deva merecer a atenção do Estado e da própria Igreja diante de uma situação que a expõe a risco de morte?
A prostituta e o homossexual devem ser rejeitados pela sociedade, pelo Estado e pela Igreja por causa de sua opção sexual? No plano fático, independente de legalização, devem tais pessoas serem excluídas do meio social? Trago à baila a Campanha da Fraternidade de 2000, que tinha como TemaNovo Milênio sem Exclusões”, e como Lema, “Dignidade Humana e Paz”. O que está acontecendo com a instituição Igreja, afinal de contas?
Necessito, ainda, externar meu ponto de vista a respeito da participação dos Pastores nos processos eleitorais. Entendo que, não só pode como deve a instituição religiosa auxiliar o eleitor na escolha do melhor candidato, buscando orientá-lo sobre as melhores maneiras de avaliar uma candidatura. Entretanto, deve fazê-lo com isenção, sem tendenciosidade e muito menos com posicionamento político-partidário.

Por derradeiro, conclamo aqueles que possam estar indignados como eu, a que soltem seu "grito" de protesto contra aqueles que estão usando a "NOSSA" igreja, como plataforma para promoção pessoal. NÓS SOMOS A IGREJA. Eles, deveriam ser os pastores.

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"1. Amai a justiça, vós que governais a terra; pensai corretamente sobre o Senhor e com integridade de coração procurai-o. "
(Sb 1, 1)